quarta-feira, 1 de junho de 2011

CONJUNTURA NACIONAL

As galochas, padre, as galochas!


Um padre da paróquia de Caratinga procurou, um dia, o renomado médico, Dr. Edmundo Lima. Queixava-se de um prosaico, mas renitente resfriado. O médico constatou, de pronto, não se tratar de resfriado. A coriza não era nasal. O padre insistiu alegando haver pisado no chão do banheiro com os pés descalços. O doutor Edmundo, experiente, já havia feito o diagnóstico: uma baita blenorragia. O médico sentiu o drama do sacerdote. Receitou os remédios da época para curar blenorragia, com um conselho:

- Olha, padre, quando o senhor for tomar banho não se esqueça de usar galochas. Elas são de borracha, garantidas, e não deixam passar a friagem que provoca essa coriza que lhe está atormentando. Padre, as galochas, viu?

- Ah! Já ia me esquecendo: é bom que o senhor bispo não fique sabendo desse resfriado. Padre, todo cuidado é pouco!

A historinha é do mineiro Zé Abelha.


Tucanos arrumam a casa


Depois da tempestade, a bonança. O PSDB começa a arrumar a casa. A arquitetura de arrumação adota desenhos internos e externos. Os internos implicaram em fortalecimento do Conselho Político para acomodar em seu comando o ex-governador José Serra. Serra, como lembra o líder Duarte Nogueira à Coluna, sempre quis dirigir o Conselho. Fora convidado lá atrás por Fernando Henrique. Mas o órgão passou uns tempos sem prestígio e sem escopo. Agora, recauchutado, tem poderes para aprovar o Programa de Ação do partido, as parcerias e coligações, fusões partidárias, etc.. O Conselho passa a ser peça fundamental para traçar os rumos tucanos. Apesar de Serra ter em mãos a entidade com poder deliberativo, o senador Aécio Neves, essa é a impressão geral, saiu muito abastecido da Convenção. Seu grupo dará as cartas.


Acomodação


Fernando Henrique teve papel importante na composição de interesses em jogo. Ajudou a redigir as normas do novo Conselho Político. O partido sai assim bem composto da Convenção ocorrida semana passada. Quem me diz isso é o bem articulado líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira, cuja boa atuação na arrumação das peças merece destaque. A reunião de consenso se deu em seu apartamento. O desenho interno, porém, foi reforçado com as tintas do desenho externo, que mostrou um cenário borrado e confuso provocado pelo affaire Palocci. O chefe da Casa Civil do governo Dilma, pivô de mais um episódio impactante, ajuda as oposições a manterem a ordem unida.


Ser ou não ser?


Dilema de José Serra nos horizontes que se avizinham: ser ou não ser candidato à prefeitura de São Paulo ?


Estar e ser governo


O líder do PMDB na Câmara Federal, deputado Henrique Alves, faz questão de lembrar que há uma diferença entre estar e ser governo. Estar no governo é ter presença, eventual e até temporária, nas frentes administrativas do Poder Executivo. No governo Lula, por exemplo, a participação do PMDB era a de um aliado circunstancial. Podendo, a qualquer hora, ser alijado da administração. Ser governo pressupõe outras condições. O partido, aliado de primeira hora, fez aliança para ser votado. Integra o núcleo central do governo, a partir da vice-presidência da República. Ou seja, o partido também ganhou respaldo das urnas para chegar ao centro do poder. Nessa situação, não pode e não deve receber tratamento secundário, inferior. Essa é a diferença que provoca tensões e arrepios constantes entre PMDB e PT.


PT e os outros


As tensões que, eventualmente, atingem os partidos da base governista têm como origem o próprio PT. Que continua a se considerar um ente exclusivista. Ele é o melhor e os outros devem ser meros coadjuvantes. É assim que pensa ponderável parcela do partido, que ainda luta para dominar todos os espaços da administração, excluindo os demais parceiros. Há uma parcela do PT que pensa e age de maneira cordial, franca, aberta, sem restrições aos outros partidos. Abriga perfis como o líder Cândido Vaccarezza ou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. São pessoas boas de trato e que entendem o ciclo por que passa o país. Mas forte parcela do partido pensa assim: primeiro, eu; segundo, eu; e terceiro, eu.


Violência em expansão


Este consultor observa com olhos de preocupação. Expande-se a violência no perímetro da capital Federal, entrando pelos interiores de Goiás. O que será? Área praticamente carimbada pelo funcionalismo público. Região que atrai migrantes de outros espaços nacionais. O que poderia dar margem a uma classe média forte, cercada por contingentes de miseráveis. Que contemplam a cena e partem para ter acesso, na marra, ao pão sobre a mesa. Quais seriam os motivos mais palpáveis?


Fica ou não?


Palocci fica ou não no governo? Fica. Nesse caso, terá o respaldo dos órgãos de controle: Comissão de Ética Pública, Advocacia Geral da União e Procuradoria Geral da República. Não fica. Nesse caso, haverá suspeição e a PGR abrirá investigação. Essas são as duas alternativas que hoje se impõem. Palocci depende de Palocci. Ou seja, tudo vai depender da PGR.


Ophir pede saída


O presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, lidera a mobilização pela saída do ministro Palocci.


PSDB e PSB


Em Pernambuco, vislumbra-se uma parceria entre tucanos e socialistas. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, divisa possibilidades nessa direção. Os partidos têm parentesco. Indagado sobre essa chance, o presidente do PSB, governador Eduardo Campos, responde com mistério: "essa é uma questão difícil de responder". Na verdade, o governador de Pernambuco quer abrir fronteiras. Acha que seu ciclo pernambucano está se esgotando. Precisa de voos mais altos. Conversa também com o PMDB. Em resumo: as possibilidades de uma candidatura reunindo partidos da base aliada do governo começam a ser debatidas. Claro, no caso de inviabilidade da atual aliança governista. Por conta da ambição desmesurada do PT.


Tucanos e peemedebistas na terceirização


O líder Duarte Nogueira, do PSDB, diz à Coluna que indicou os tucanos Alfredo Kaefer, do PR, Andreia Zito, do Rio de Janeiro, e Jutahy Júnior, da Bahia, para comporem a Comissão de Terceirização, nomeada pelo presidente Marco Maia. Já o líder Henrique Alves, do PMDB, informa ao colunista que indicou para a mesma Comissão os nomes de Adrian Mussi Ramos, do RJ, Darcísio Perondi, do RS, Édio Lopes, de RR e José Priante, do PA. Paulinho, da Força Sindical, que também integra a Comissão, confessa ter boas expectativas sobre a busca de consenso.


Renegociação ou locupletação?


Existem gestores públicos entusiasmados por renegociarem contratos por preços menores que os celebrados originariamente. Empresas terceirizadas, no sufoco, ou como se diz na gíria comercial, "pedalando", acabam por conceder descontos impossíveis. Ao invés de comemorar este tipo de "redução de despesas", o gestor deveria se preocupar. Quem vai pagar a conta trabalhista e social quando essas empresas quebrarem? Com certeza não será o gestor? E se fosse? Será que haveria tanta negociação sem nenhum critério técnico?


Abaixo do custo?


Serviços como os de logística, controle de acesso, de limpeza e segurança são como "commodities", ou seja, têm piso salarial, encargos trabalhistas, tributários e fiscais iguais aos de todas as empresas. Considerados estes fatores teríamos, por analogia, o chamado "preço de custo" do serviço. Somados a este preço existem, ainda, o custo da administração e o lucro. Como pode o administrador público contratar serviços por preços que sequer cobrem o custo? Coisas do arco da velha!


Moreira Franco


Quem quiser ouvir um dos mais argutos relatos sobre o ciclo político que estamos vivendo basta ouvir por alguns minutos a verve do ministro Moreira Franco. Que sabe resumir, como ninguém, o estado civilizatório de nossa política.


Abremar abrindo mares


A Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) comemora o sucesso dos dois maiores eventos do turismo marítimo: Seatrade South America e Cruise Day 2011, realizados nos dias 30 e 31 de maio em São Paulo. Ao evento, com a participação de agências governamentais, operadores de terminais públicos e privados, autoridades portuárias, agentes de viagem, compareceram os CEOs das maiores companhias de cruzeiros do mundo: Pierfrancesco Vago, da MSC Cruzeiros, Adam Goldstein, da Royal Caribbean e Gianni Onorato, da Costa Cruzeiros. O ministro do turismo, Pedro Novais, compareceu ao jantar de confraternização, oportunidade em que, dando as boas-vindas aos visitantes, garantiu, com bom humor, que o Brasil sempre acolherá bem os navios, eis que foi a bordo deles que os nossos colonizadores aportaram ao país.


Economia dos cruzeiros


A Temporada 2010/2011 de cruzeiros marítimos chegou ao fim, neste mês de maio, exibindo um saldo altamente positivo para a economia: quase 800 mil turistas transportados pelos navios, acréscimo de 10% sobre a temporada passada, e uma conta de R$ 1,3 bilhão entre gastos de armadoras e cruzeiristas nos destinos por onde passaram. Foi o que apurou pesquisa realizada pela FGV, apresentada pela Abremar por ocasião dos eventos do turismo marítimo. Em 5 cidades-destino, os cruzeiros deixaram nas economias locais R$ 332,7 milhões.


FHC e a descriminalização


Fernando Henrique atua firme nas frentes de defesa da descriminalização das drogas. Pede que o Brasil abra urgente um debate sobre a descriminalização da maconha. Que acha medida importante para enfrentar a guerra contra as drogas.


R$ 1,85 trilhão


Em uma década, a carga tributária captou R$ 1,85 trilhão da sociedade. Cálculo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.


Serys suspensa


Por infidelidade partidária, a ex-senadora petista Serys Slhessarenko, do Mato Grosso, foi suspensa pelo PT. Não apoiou o candidato do partido ao senado, na última eleição, o ex-deputado Carlos Abicalil, seu inimigo. Alega que não teve direito à defesa. PT tem seus critérios.


Substitutos de Palocci


Há três nomes que podem substituir Antonio Palocci, caso venha a sair do governo: Fernando Pimentel (atual ministro do Desenvolvimento), Paulo Bernardo (ministro das Comunicações) e Alexandre Padilha (ministro da Saúde). Pesa sobre Padilha a querela que tem com o PMDB. Anda fechando as portas para esse partido.


ISO para a contabilidade


O Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon/SP) realizou, dia 12 de maio, a cerimônia de certificação das 349 organizações aprovadas no Programa de Qualidade de Empresas Contábeis (PQEC 2011). Destas, 28 empresas receberam o selo ISO 9001 : 2008, inédito para a categoria. Pela primeira vez, empresas de contabilidade recebem a certificação máxima da qualidade. José Chapina Alcazar, presidente do Sescon/SP e líder da categoria, entroniza mais um troféu em sua larga galeria. De acordo com o presidente do Conselho Federal de Contabilidade, Juarez Domingues Carneiro, "o evento já faz parte do calendário anual da classe contábil". Mais de 4 mil convidados estiveram presentes.


O mel de Frei Damião


Fausto Campos sempre passava pela BR-232, entre Serra Talhada e Custódia, em Pernambuco. Na beira da estrada, vendedores ofereciam o melhor mel do mundo, o mais puro. Um dia, resolveu levar uma garrafa. Perguntou: "o mel é puro"? O vendedor : "o mais puro do mundo". Fausto arrematou: "pois vou levar esse mel para o Frei Damião". O vendedor apressou-se a esclarecer: "doutor, é melhor não levar esse pote. Quem tirou esse mel foi meu irmão e ele gosta de juntar um pouco d'água no mel para render mais. Desculpe. Na próxima vez, o senhor vai levar um mel 100% puro. Agora, só se o senhor quiser levar esse pro senhor. Mas pro Frei Damião, de jeito nenhum". Historinha enviada por Delmiro Campos, filho de Fausto.


Conselho ao Ministério da Justiça


Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao ministro Antonio Palocci. Hoje, sua atenção se volta ao Ministério da Justiça:

1. Cresce a violência no faroeste brasileiro, a vasta região amazônica, onde assassinatos de ambientalistas e agricultores têm se expandido. As mortes de José Claudio Ribeiro da Silva e de Maria do Espírito Santo foram mais um sinal de que a bandidagem atua sem medo e de maneira covarde.

2. Urge manter um sistema de mutirão na região norte para desarmar bandos e cercar os feudos criminosos que atuam na região.

3. A cada assassinato, a imagem do Brasil ganha tinturas de desrespeito e irresponsabilidade na paisagem dos Direitos Humanos. Polícia Federal, MP e outros órgãos deveriam formar uma urgente rede de proteção aos cidadãos ameaçados de morte. E identificar e prender os mandantes dos crimes.


(Gaudêncio Torquato)

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