sábado, 10 de dezembro de 2011

LANÇAMENTO DO LIVRO "CRATEÚS: 100 ANOS!" - DA ACADEMIA DE LETRAS DE CRATEÚS - FOI PRESTIGIADÍSSIMO!


Durante a solenidade, ocorrida ontem à noite no Teatro Rosa Moraes, disse umas poucas palavras. Tentei escrevê-las mais ou menos. Eí-las:

A mim me incubiram de falar sobre as letras. Boa noite a todos!

Muita gente se pergunta: pra que servem os poetas? Qual é mesmo a “utilidade” dessas pessoas?

Gerardo Mello Mourão, nosso conterrâneo das Ipueiras, o único brasileiro a ser indicado para o Nobel de Literatura, eleito o Poeta do Século XX, responde:

´Neste mundo o que dura é o que foi fundado pelos poetas... ´A Grécia foi fundada pelo poeta Homero, cego e gênio (um tocador de cítara nas ruas do seu País, como faz entre nós com a sua viola o profeta Lucas Evangelista). (...) A civilização mulçumana foi fundada pelo poeta Maomé, seu senhor e soberano. A Itália foi fundada por Dante, poeta absoluto. (...) E o que seria de Portugal sem Camões e Pessoa? Da França sem Voltaire?’

Nessa pequena incursão que fiz para escrever o artigo que está no livro descobri coisas incríveis.

Descobri uma figura extraordinária: José Coriolano de Sousa Lima. Foi ele o fundador – e aí me perdoem os que pensam diferente, meu caro Padre Geraldinho – foi José Coriolano o fundador da Vila Caratiús. Como bem disse aqui o Elias, foi o primeiro a batizar nossa terra pelo nome atual: Crateús.

Nascido na fazenda Boa Vista, quando Crateús era conhecida por Vila Príncipe Imperial, Coriolano foi um fidalgo das letras que teve a graça de alcançar os píncaros da glória. Morou em São Raimundo Nonato, no Piauí, em seguida cursou direito na lendária Faculdade de Direito do Recife (quando ela era a ‘top’ do Brasil). Sentou nos mesmos bancos acadêmicos em que se sentaram os maiores luminares das letras nacionais do seu tempo, como Rui Barbosa e Castro Alves. Depois, teve atuação destacada no Maranhão e no Piauí. Magistrado, poeta, político, jornalista. Foi deputado provincial pelo Piauí, por duas legislaturas, e presidente da Assembleia Legislativa. Foi eleito Príncipe dos Poetas Piauienses (pois à época em que viveu Crateús pertencia ao Piauí).

Esse homem, cujo busto enfeitava a Praça da Matriz de outrora, foi nosso primeiro grande poeta.

Cito também Abelardo Fernando Montenegro, que aqui nasceu, integrou a Academia Cearense de Letras e ficou conhecido como o homem que mais amou o Ceará.

Outro grande poeta nosso foi Alexandre Lucas Ferreira Barros, um parente meu. (Aliás, para descontrair, brincam que o sobrenome Bonfim é porque a família, sem ter muita alternativa, se agarrou ao Santo – Senhor do Bonfim – e o tomou de empréstimo...) Alexandre, quando foi se registrar, já adulto e cultor do indianismo, mudou o sobrenome para Boquady, palavra que ele havia conhecido em um dicionário tupi-guarani e que significa jatobá – “casca dura”.

O fato é que sempre alimentamos a idéia de que nossa cidade nunca teve grandes escritores. Isso é um estereótipo que vi cair por terra. Escritores, de pena luminosa e asas de condor, sempre tivemos.

E este livro do centenário, dentre outros, tem este objetivo: ajudar-nos a quebrar paradigmas.

Está provado que tudo nasce da nossa mente. Buda nos ensinou que somos aquilo que pensamos.

No mundo de hoje não existem mais fronteiras. A China vende seus produtos manufaturados aqui por um preço inferior aos produtores locais. Isso é um fenômeno da globalização. Essa estória de que Crateús é ‘fim de linha’ é uma balela. Somos uma aldeia global.

Portanto, quebremos esses velhos paradigmas e recuperemos o lugar de destaque e respeito, de vanguarda progressista e cultura de luta que sempre foi nossa marca.

Parabéns, Crateús!

(Júnior Bonfim)

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Após o evento, houve uma confraternização na Sede do Sindicato dos Professores, ocasião em que abraçamos vários amigos. Na foto abaixo, Matos e Edmilson Providência.

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