quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MONSENHOR MORAES: CURA CENTENÁRIO!




Monsenhor Francisco de Moraes neste agosto completaria 100 anos de idade, se não tivesse ido há dois anos. Foi quando se encontrava na terceira margem do rio da vida, como dizia Guimarães Rosa.

Nasceu em Crateús que seria elevada à condição de cidade quatro meses depois. Não nasceu na sede do município. Preferiu o murmúrio do campo. O esplendor e a calma que esverdinhavam a mata. Escolheu agosto. Quando a lua merencória se desfaz em beleza. De um céu pincelado de azul, quase em desmaio. Lá longe já se escutava o balido das ovelhas. Os eflúvios do verde pincelavam a aurora que já se anunciava.

Foi assim que a natureza recebeu este homem prodigioso que escreveria uma história de vida notável. Trilhou o caminho do sacerdócio. Foi o evangelizador robusto. O semeador competente. O pregador convincente. Tomou o arado e partiu para trabalhar na vinha do Senhor.

Ancorou-se na cidade do Ipu. Lá, escreveu seu apostolado. Homem de profunda fé erigiu torres vivas e inquebrantáveis. Partiu de Crateús como um profeta. Foi praticamente o construtor do Ipu. Lá, deixou a marca do seu imenso destemor. Construiu o Patronato, o Colégio Ipuense, o Salão Paroquial, maternidades, hospitais, estradas de rodagens, capelas e casas do menor abandonado. Porém, foi no recôndito dos templos que se fez arauto de Deus. Pregação profunda e profícua. Foi um mensageiro de uma intensa fé. No altar, nas ruas e nos recônditos mais distantes vivia envasado de Deus. Deixou uma lacuna impreenchível. Mesmo ao ir se já com uma vida tão longeva.

Pranteamos hoje a sua memória. Dissecamos sua vida tão cheia de luz. Rememoramos que Moraes passou por esta vida, mas não passou em vão. Deixou marcas indeléveis de trabalhador incansável. Foi promotor de dignidade e de libertação. Não se conteve nas prédicas dos tabernáculos, foi à procura do seu rebanho, para elevá-lo, tirá-lo da miséria. Trouxe-lhe uma centelha de luz. Exerceu esta sua missão embriagado de Deus. Eivado dos princípios maiores de respeitabilidade a todos, inclusive os mais carentes. Deixou saudades. Mas plantou, naquela bela cidade, sementes que frutificarão para sempre.


(José Maria Bonfim de Morais - médico cardiologista, no Diário do Nordeste, 16/08/2011)

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