Todos temos um passado, uma origem, uma história a contar, seja ela
feia ou bonita. Mas história bonita mesmo é aquela contada
com as cores da verdade...
Crateús é uma pequena cidade às margens do Rio Poty, no Estado do
Ceará, Nordeste do Brasil. Região pobre, esquecida e discriminada,
porém cheia de encantos e magias...
O Rio Poty, nosso berço, é o segundo maior do Ceará. Nasce no
município de Parambú, banha Crateús, corta a serra da Ibiapaba
(através de uma falha geológica – o Canyon do Rio Poty) e desemboca no
Rio Parnaíba, no Estado do Piauí. O Rio Poty, assim como o rio do
poeta Fernando Pessoa, é o Rio mais bonito do mundo...
Mas o Rio Poty nem sempre foi assim como o vemos hoje. Um dia, não
muito distante, (nossa história é recente), sem sofrer nenhuma espécie
de agressão, suas águas eram limpas, repletas de peixes, e em seu
entorno Fauna e Flora vivia em perfeita harmonia. E em harmonia com a
Natureza preservada viviam nossos primeiros habitantes – os Karatis,
Os Tabajaras, os Potyguaras, os Tapuias...
A Civilização “Branca” chegou um dia, a pés, vinda das bandas do
Estado da Bahia, trazendo um andor transportado por escravos negros e
aqui implantou uma freguesia religiosa e fazendas de gado...
Feijão, leite, milho, farinha, rapadura e carne seca era o
sustentáculo dos desbravadores dos inóspitos sertões. O couro do boi
virou escudo contra os espinhos da caatinga; o barro, o marmeleiro e a
palha de carnaúba, abrigo e moradia...
O jegue, a mula e o cavalo, o meio de transporte e condução. O
cavalo, mais que isso, quase metade do homem, como na mitologia...
Clima feroz, estiagens, fome, ermos aterrorizantes, não foram
suficientes para expurgar da terra o homem que aqui fincou raízes...
raízes que penetraram profundamente a terra... raízes de juazeiro...
Depois chegou o progresso que foi amenizando a dureza da vida. Luz
elétrica, Veículos Automotivos, Ferrovia, Estradas, Meios de
Comunicação e outros tantos benefícios das Ciências permitem, hoje,
uma convivência mais amena com as adversidades da terra bravia que
aprendemos a amar... e a maltratar...
O Progresso trouxe no seu rastro, entretanto, resíduos indesejados –
Desmatamentos, Poluição, Extinção de Animais, Aterramento e
Assoreamento do Rio, Envenenamento de Águas e Alimentos, Doenças e uma
infinidade de problemas nocivos à saúde Humana e do Planeta.
Hoje, nosso desafio, em sintonia com os mais distantes e diferentes
povos, é encontrar o perfeito equilíbrio entre Cultura, Bem-Estar e
Natureza...
De Príncipe e Princesa nunca tivemos nada – o sangue que corre em
nossas veias ...é seiva de mandacaru adocicada com melaço de
rapadura...
(Edilson Macedo)
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