quarta-feira, 11 de julho de 2012

CONJUNTURA NACIONAL

Faltam 8 contos

Vereador em Itiruçu/BA, estava duro. A seca tinha comido tudo. Sem dinheiro para a feira foi pedir ao prefeito Pedrinho. Pedrinho brincou:

- Por que você não pede a Jesus Cristo ? Ele não é o pai dos pobres?

Voltou para casa, escreveu a Jesus Cristo pedindo 50 contos. Endereçou: "Para Nosso Senhor Jesus Cristo". E pôs no correio. No correio, abriram a carta, levaram para o bar. Lá fizeram uma vaquinha, apuraram 42 contos, registraram e mandaram para o vereador. Quando ele abriu viu os 42 contos, sentou-se e escreveu nova carta: "Nosso Senhor; agradeço muito sua atenção. Recebi o dinheiro que lhe pedi. Mas rogo o seguinte: se o senhor for mandar dinheiro novamente, faço o obséquio de mandar em cheque, porque, dos 50 contos, o pessoal do correio meteu a mão em 8".

(Mais uma do grande Sebastião Nery)

Pressão da CUT

O novo presidente da CUT, ex-bancário Vagner Freitas, promete mobilizar suas bases e ir às ruas caso a decisão do STF não obedeça a critérios técnicos. A pressão da sociedade organizada para fazer valer suas ideias até pode ser compreensível. No caso da CUT, a suspeita emerge com força. Primeiro ponto : se o Supremo condenar mensaleiros, a decisão seria política ? Pelo que se infere, apenas a absolvição seria aceita pela CUT, porque estaria estribada em critérios técnicos. Risível essa posição da CUT. Segundo ponto: pode uma entidade que recebe dinheiro público fazer campanha por perfis, pessoas, partidos? A CUT recebe uma dinheirama do imposto sindical. Atentem para esse termo: imposto. O Estado impõe a tal contribuição de um dia de trabalho. Tira de todos os assalariados. Portanto, trata-se de um imposto, que é repassado para as Centrais.

Para que servem as Centrais?

As Centrais Sindicais, afinal de contas, são órgãos inseridos no organograma do sindicalismo ou do partidarismo político ? Podem fazer movimentações partidárias, pedir voto, apoiar ou condenar pessoas ? A se considerar o foco - coordenação sindical, defesa de interesses de trabalhadores, mobilização das categorias sindicalizadas - desviar-se dessas funções seria algo não recomendável. Mas, por estas plagas, tudo é permitido inclusive o que é proibido. Ora, o presidente da CUT, Artur Henrique, que deixa o cargo, já disse alto e em bom som que a entidade não vai permitir que os tucanos voltem ao poder. Que proibição é essa ? Tem a CUT força institucional para proibir que um partido político volte a ganhar o centro do poder ? Não. De lorota em lorota, cada qual faz sua afronta. E o que a CUT poderia efetivamente fazer se outro partido, que não o PT, chegasse ao poder pelo voto ? Chamaria os militares para um golpe?

Falar de si

"Falar muito de si mesmo também é um meio de se esconder". Nietzsche

"Cala a boca" ao voto aberto

O STF não permite que nenhum senador abra o voto no processo de cassação do senador Demóstenes Torres. Que coisa, hein? Mas é útil recordar que Demóstenes abriu o bico por ocasião do processo de cassação contra o senador Renan Calheiros, que renunciara à presidência do Senado. Dizia ele na ocasião que se Renan não serve para presidir a Casa, também não serve como senador. Ou seja, proclamou seu voto contra o alagoano. Agora, ao que se infere, ancora-se na proibição do voto aberto para tentar salvar o mandato. A lei e suas circunstâncias. Cada roca com seu fuso.

Você é um gato

Alguém acusou Toninho Cabral de não ser filho da cidade. Ele era vereador em Campina Grande. Na tribuna, defendia-se :

- Nasci em Cabaceiras, é verdade, mas vim abrir os olhos em Campina Grande.

Um desafeto o aparteou lá do fundo :

- Vossa Excelência não é um homem, é um gato. Sabe por quê ? Gato abre os olhos oito dias depois de nascer.

Campos abre o verbo

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que comanda o PSB, manda o recado : apoia a presidente Dilma, mas quer autonomia político-partidária. Ou seja, abre uma fresta para contemplar o horizontes de 2014/2018. Por enquanto, mostra-se firme na base governista, mas faz cálculos : se o PT continuar a querer ver os partidos da base como vassalos, ele, Campos, retirará seu exército do campo de batalha governista. A verdade é que Campos e Aécio Neves ensaiam passos largos na direção do amanhã. Ele tem um sonho : reunir o grupo pós-64 sob a mesma bandeira.

11/12 avos

"Onze doze avos de todos os grandes homens da história eram apenas representantes de uma grande coisa". Nietzsche

Temer, eficiência na articulação

Enquanto o PSB se afasta do PT, em Belo Horizonte, o PMDB dele se aproxima. O vice-presidente da República e presidente licenciado do partido, Michel Temer, de maneira discreta, como é seu estilo, e ágil, costurou o apoio do PMDB ao PT com a indicação do vice na chapa de Patrus Ananias. O PMDB trabalha de maneira pragmática, habilitando-se a continuar como parceiro preferencial do PT. Ganha, em consequência, amplo apoio de lideranças petistas, que começam a desconfiar das intenções do governador pernambucano.

PMDB unido

Aliás, a taxa de unidade do PMDB é inédita. É comum ouvir-se : o PMDB está mais unido hoje do que nos próprios tempos do dr. Ulysses. E avança em territórios que foram praticamente abandonados, a partir de SP, onde espera eleger cerca de 100 prefeitos e conta com um candidato competitivo em São Paulo, o deputado Gabriel Chalita.

Economia às escuras

A moldura da economia no segundo semestre poderá ficar às escuras. Queda no crescimento, refluxo na indústria - 6,9% de abril para maio, a nona queda consecutiva. Sinais de alerta por todos os lados. Queda também na arrecadação : R$ 20 bilhões a menos em junho. E, como empurrão, o governo libera o maior lote de restituições de IR - R$ 2,6 bilhões, irrigando as contas de 2,46 milhões de contribuintes.

Macaco

"O homem é sempre mais macaco do que qualquer macaco". Nietzsche

Lupi sob ameaça?

O ministro do Trabalho, o deputado Brizola Neto, quer desbancar Carlos Lupi, ex-ministro da Pasta, do comando do PDT. Promete disputar o cargo em março de 2013. Paulinho da Força deve firmar posição ao lado do ministro.

Bons ventos

Em tempos de crescimento sustentável, as ações voltadas para o plano energético ganham musculatura na carteira de investimentos públicos. O Brasil colhe bons ventos no horizonte econômico e agora começa a soprar, também, na nossa matriz energética. O potencial natural para parques eólicos é imenso. O norte-nordeste brasileiro é privilegiado nesse aspecto. A senadora baiana Lídice da Mata comemorou, em discurso recente no Congresso, a inauguração de um complexo eólico em seu estado. O projeto na região de Caetité, com 14 parques eólicos, é o maior da América Latina e tem capacidade para atender uma cidade com 540 mil residências ou mais de dois milhões de habitantes. São os novos ventos soprando a favor.

PSD na base governista

O PSD dá mais um passo em direção à base governista. A aliança com o PT, em Belo Horizonte, constitui mais um passo nessa direção. O prefeito Kassab mantém boas relações com o ex-presidente Lula e com a presidente Dilma. A decisão de firmar apoio ao candidato do PT em BH, Patrus Ananias, contrariou o ex-deputado Roberto Brant, que se afasta do partido. E gera a dissidência da vice-presidente do partido, a senadora Kátia Abreu. A habilidade do prefeito paulistano, que preside o partido, entrará em cena para acalmar os correligionários. Quem conhece a capacidade de articulação do prefeito sabe que as coisas se acomodarão. A conferir.

Parasita

"Quase todo ser vivo contém um parasita". Nietzsche

CPI das Águas Correntes

Ontem, encerrou-se o primeiro ciclo da CPI das Águas Correntes. A CPI só ressurgirá após o recesso de julho. Entre ditos e desditos, verdades e versões, achados e perdidos, patinação e navegação nas águas turvas, as coisas ainda permanecem confusas. Afora a quase certeza da cassação do senador Demóstenes e a desclassificação da empresa Delta como grande prestadora de serviços ao Governo, ainda não se tem noção dos resultados. Mas o clima de agosto tende a ficar mais quente. Desta feita, por conta da temperatura eleitoral mais elevada.

Marketing: os 5 eixos

Cumprindo compromisso firmado nesta coluna e no twitter, este consultor passa a fazer pequenas inflexões sobre a campanha. Lembro, sempre, os cinco eixos do marketing eleitoral: pesquisa, formação do discurso (propostas), comunicação (bateria de meios impressos - jornalísticos e publicitários - e eletrônicos), articulação política e social e mobilização (encontros, reuniões, passeatas, carreatas, etc.). A mobilização dá vida às campanhas. Energiza os espaços e ambientes. A articulação com as entidades organizadas e com os candidatos a vereador manterá os exércitos na vanguarda. A comunicação é a moldura da visibilidade. Principalmente em cidades médias e grandes. Sem ideias, programas, projetos, os eleitores rejeitarão meros blá-blá-blás. E, para mapear as expectativas, anseios e vontade, urge pesquisar o sistema cognitivo do eleitorado.

Logomarca, slogan e música

A logomarca é a vestimenta do candidato. Que abriga a estética da campanha, com as cores básicas e o ideário do candidato, expresso em palavras-chave. Esse conjunto carece de criatividade, harmonia e naturalidade. Se exagerar no artificialismo, será detectado pelo sistema cognitivo dos eleitores. As cores sairão da matriz cromática do partido do candidato. E o arremate será dado pela música, que funciona como o canal sonoro, a levar o nome e os conceitos centrais que envolvem a candidatura.

Jumento que transportava sal

Um jumento carregado de sal atravessava um rio. A certa altura escorregou e caiu na água. Então o sal derreteu-se e o jumento, levantando-se mais leve, ficou encantado com o acontecido. Tempos depois, chegando à beira de um rio com um carregamento de esponjas, o jumento pensou que, se ele se deixasse cair outra vez, logo se levantaria mais ligeiro; por isso resvalou de propósito e caiu dentro do rio. Todavia ocorreu que, tendo-se as esponjas embebido de água, ele não pôde levantar-se, e morreu afogado ali mesmo. Assim também certos indivíduos não percebem que, por causa das suas próprias astúcias, eles mesmos se precipitam na infelicidade. (Esopo)

Conselho aos parlamentares

Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Hoje, sua atenção se volta aos parlamentares.

Abre-se, daqui a pouco, o recesso parlamentar. Tempos de auscultar os pulmões sociais. Tempos de ouvir as bases. Procurem, nesse intervalo de férias e descanso, atentar para os seguintes aspectos:

1. Quais são as expectativas, anseios e desejos do eleitorado.

2. Conferir se os brasileiros, na véspera de uma campanha eleitoral, expandiram a taxa do Produto Nacional Bruto da Felicidade ou, ao contrário, estão tomados pela desesperança.

3. Orientem seus candidatos a apresentar propostas críveis e factíveis ao eleitorado.

(Gaudêncio Torquato)

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