
O breve e ocasional rubor vespertino
era em prol de um único objetivo,
abrilhantar o admirável momento
do nosso célebre campeonato de botão.
Demarcadas a giz, as linhas divisórias
do gramado imaginário eram um mundo
que nos prendia àquele diminuto chão:
íntimo torpor, rara alegria, pura satisfação.
Não havia só um devaneio qualquer
na agradável fantasia de jogar botão,
que ficou estampado na luz fluída
de um entardecer em alumbramento.
A fantasia alçava voo num lance de gol.
A imaginação resvalava no cimento liso
com os botões a correr, a driblar e chutar
uma minúscula bola rumo a um travessão.
Enquanto o lúdico em luta se transfigura
e um torpe malogro vai entediando a vida,
acolho novas idéias de meus velhos botões
para os dias de agora que se vão, pesarosos.
(Raimundo Candido)
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